segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Michael Jackson do Cordeiro

Fraude. Michael Jackson Não Morreu.

Uma avenida repleta de carros numa manhã ensolarada de sábado. Um carro preto para. Mais um para complicar o trânsito. Uma complicação que afugenta o stress e traz a alegria. E dentro dele um mistério, um Homem, um fenômeno, uma versão musical puramente brasileira. E, em meio à tanta movimentação de pessoas e automóveis, uma carroça de CDs e DVDs piratas histérica, se responsabiliza pelo som ambiente de um grande espetáculo à céu aberto durante uma “feira do troca troca pelo meio fio”. Composto por uma plateia zombeteira e carente do humor fabricado nas ruas, o público vai ao delírio devido à irradiação de um astro pop humilde, humano e suburbano. É nas quebradas que ele acontece. Seja no chão ou em cima de um caminhão, a performance e o brilho são os mesmos. Essa expressão artística é um dos marcos genuínos do que vem ou do que sai do povo para o próprio povo e para o mundo.

Pouco a pouco a transformação acontece diante do espelho. Primeiro a peruca é levada à cabeça. Depois a maquiagem vai tomando conta de todo o rosto junto com o figurino, e o astro surge. Apoteose!

O país das gambiarras e dos biscates, é o país dos improvisos, da espontaneidade excessiva e da relação humana que afugenta o medo de tocar e de ser tocado. Em cada canto seu, do Oiapoque ao Chuí, encontramos sons, dons e expressões. Uma infinidade de artistas de todos os níveis em todas as artes. No Brasil é assim: Um astro nunca morre, sempre se renova. E se morrer, em frações de segundos ressuscita. Assim como Tim Maia, Elvis Presley e Raul Seixas, Michael Jackson está vivo! Se o mundo diz o contrário, o Brasil prova o que diz. E como diz! Quem duvida?

Dentro do carro preto nos primeiros segundos em que sua porta abre não desce ninguém. Apenas um pé calçado numa meia branca dentro de um sapato preto aparece.




Com direito a chofer, segurança particular e equipe de reportagem, José Marcos dos Santos, saiu de sua casa, no Bairro do Cordeiro, todo travestido de Michael Jackson para si enfiar no meio do povão. Figura irreverente, hilariante e hipnotizadora, ele é um artista de rua nato, híbrido e gigante. Um gigante pobre na condição financeira, porém rico no talento. E que talento! Um palhaço esperando palcos e holofotes de casas de shows. Sem bilhões de reais no bolso, ele vai juntando aplausos que chegarão aos bilhões.



Nascido e Criado no Bairro do Cordeiro, no Recife, nosso artista não pretende mais sair de lá. Homem versado em várias profissões, das quais a que mais gosta é a de relojoeiro, Marcos José é o showman do street dance. As ruas agradecem junto com o povo que o prestigia. Pai de quatro filhos, o artista não deixa de preservar a criança em sim.


Foi quando dançava quadrilha, por incrível que pareça, que as pessoas da própria quadrilha da qual ele fazia parte começaram a compará-lo e a chama-lo de Michael Jackson. Surpreso com isso, passou a alimentar a ideia de transformar-se em sósia do rei do pop. O povo pediu, aconselhou, exigiu e a estrela surgiu. Deixou de lado o anarriê, superou o preconceito e continuou seguido o passeio. Do Rancho Niverland, no Bairro do Cordeiro, às ruas. E das ruas para o mundo! 

Nosso pop star pernambucano talvez nunca dançará ao som do Olodum, lá no Rio de Janeiro. Porém, temos certeza que ele também entra numa roda de ciranda com a mesma categoria. Afinal, quem nasce na terra do Mangue-bit nunca faz arte de um jeito só.
Há alguns anos, José Marcos já esteve presente em alguns programas televisivos do Estado de Pernambuco fazendo comerciais.


Foi em 1978 que ele pela primeira vez fantasiou-se de Michael Jackson. Não ganhou dinheiro com as primeiras apresentações, pois foram essas mero exibicionismo, testes. Dançou em clubes e em trios elétricos apenas para tornar-se conhecido. Hoje, anima festas e aniversários. Na realidade, esse gênio é um grande palhaço travestido de pop- star. Uma espécie de Tiririca pernambucano que dá autógrafo e distribui cartões de visita. Um autodidata das quebradas do corpo! Pense!






Quem nasce para brilhar deve brilhar. Aliás, todo nós nascemos para isso. A vida de um artista não é só feita de terrenos planos. O making-off do viver antecipa qualquer show. Porém, quem se veste de céu, assim como Marcos, tem o universo conspirando sempre a seu favor.

Agradecimentos:
Agradecemos de coração ao Rafael Pereira que atuou como segurança do nosso artista e ao Hermes José que dou o seu tempo, utilizou seu próprio carro atuando como chofer, possibilitando a realização deste trabalho. Um grande abraço todos !!!

Expediente:
Texto – André Santana
Fotografia e Arte – Jesuel Santana
Local: Cordeiro, Recife - PE, Brasil

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