segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Entrevista com Ozeas / Interview with Ozeas




Teu nome completo? Ozeas P. A

Tua idade? 21 anos.

Que te fez entrar no mundo dos vício? Rapaz! Foram as amizades com quem eu convivia no colégio, ta entendendo? Aí através dessas amizades, eu entrei nesse no vício e até hoje não consegui sair.

Teu primeiro contato com droga? Primeiro com o cigarro, cachaça, depois a maconha e a cola, em seguida o crack e as outras.

Teu sonho? Sair da comunidade onde eu  vivo, terminar o meu estudo e arrumar um emprego pra ajudar a minha família também sair dessa vida que elas vivem.
 Além de você, tem alguém na tua família que usa droga? Não, só eu mesmo.

Tu já fugiste da polícia?  Eu? Nunca fugi da polícia, não.

De quem foi a ideia de chamar a reportagem do Programa Cardinot ? Eu acho quem abriu a minha mente naquele momento foi Cristo vi, não foi outra pessoa não, porque no exato momento ninguém não pensava em me ajudar, não. Eu tava sentado numa esquina e de repente veio uma luz em minha mente dizendo para eu chamar a  tv.

Você tem Alguma revolta? A revolta que eu tenho é com esses traficantes vi que traz essas drogas para as comunidades e, sai vendendo, chama nós de noiado, nós não somos noiado não, nós somos seres humanos como eles também.

Já tiraste cadeia? Quando eu era menor pratiquei o ato fracional e cumpri minha pena.

Passaste quanto tempo preso? Eu passei seis meses.

Esse ato fracional foi o quê?  Foi furto.

Tu já foste evangélico? Eu já. Eu fui criado no evangelho.
 Tu tiveste contato com a religião a partir de quantos anos? Quando era criança, minha avó já me levava para a igreja.

Estudaste até que serie? 5ª serie.

Gostarias de voltar a  estudar ? sim.
Por quê? Porque quero um trabalho né, eu quero ser como todas as pessoas são. Todos os dias eu vejo as pessoas passando com malas, com suas bolsas para ir trabalhar e naquele exato momento fico um pouco triste porque eu fico em casa sem fazer nada, sem ter com que ocupar a minha mente. Eu procuro ocupar a minha mente com essas pessoas no meio da rua que passa para trabalhar e eu não consigo trabalhar.

O que seria o paraíso para você? O paraíso para mim seria sabe o quê? Ter a minha avó de volta cara, na minha casa, tu acredita?
E onde ela estar agora? No céu.

Sofreste preconceito? Ochente, muitos!
Quais, por exemplo? Tem gente que nem queria olhar na minha cara direito, tem gente que não queria me deixar entrar na casa pensando que eu ia roubar, tinha gente que não confiava em mim, né.
Mas antes de tu teres contato com a droga,  já sofreste preconceito por   seres um cara humilde? Rapaz, todo mundo tem né, todo mundo tem né, mesmo sendo sem droga ou com, todo mundo tem.

De que tu tens medo? Eu tenho medo de três bichos a noite.
Quais são esses? Eu não consigo ver eles não, só vejo três vultos dentro da minha casa.
Você não conseguiu ver-los, mas ouve alguma coisa? Sim. Tem um que fala no meu ouvido.
O que ele fala? Agora, pega, arromba, mata, atira, acertei, ta morrendo.

O que tu achas do país que a gente mora, o Brasil? Eu acho um país muito violento, tem muitas coisas erradas nesse país, eu espero que eles mudem mesmo (o Estado).     

Tu achas que o Brasil tem algo de bom? Tem muitas coisas boas como a natureza e as paisagens.



Que tipo de pessoa você gostaria de ser daqui para frente? Rapaz, eu queria ser um marceneiro ou um mecânico.



Eu diria a eles não deixar se influenciar por amizades, não. Deixe lhe chamar de careta, é melhor ser careta do que ser um viciado. E para aqueles que estão na mesma situação que eu, que tenha força de vontade como eu estou tendo para conseguir derrotar essa droga, porque essa droga veio para destruir e acabar com nós. Como diz na bíblia, nós somos fracos e somos conduzidos por caminhos tortos da vida. Mas eu espero que não só eu como outras pessoas consigam se recuperar desses atos aí cometidos também.

O que você acha de Deus?  O que acho de Deus... Acho uma luz muito preciosa e que me guia todos os dias e me faz “ver a vida com outros olhos” para que eu não tropece no meio do caminho.

Agradecemos a Ozeas, por ter nos concedido essa entrevista. Estamos torcendo para que ele saia dessa. A equipe do blog fez o máximo de esforço para levar ao público informações com bastante nitidez. Esperamos que tenhamos conquistado nossos objetivos. E que muitas pessoas não pensem nunca mais em “brincar” com algo tão sério, porque quando as estrelas brilham, indicam que Deus é maior e é Pai... 

Expediente.
Fotografia - Jesuel Santana

Texto - Andrê Santana

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